Os cheiros e gostos do outro;

♪ Citizen Cope - Sideways

Há quem maldiga sobre nosso corpo, mas lhe digo, seu corpo é uma bendição. Divina ordem do pecado, onde me perco para achar sua essência. Parque de diversões para os meus sentidos, deixando que desde cedo eu aspire um pouquinho de você. Farejando sua presença na cama e lhe acordando com uma fungadinha no pescoço, sua pele respirando e exalando um aroma tão seu; e ainda torpe, dá-lhe um cheirinho no olho e observá-lo despertar manhosamente, preparada para que nossas línguas num instante se entrelacem e se provem com gostinho de manhã. E permitir que essa sensação se prolongue pelo dia... O pós-banho e sua pele ainda úmida lançando o perfume do sabonete-xampu-e-pós-barba. O beijo com gosto de café e geléia e despedida, de brinde a sua fragrância impregnado na minha roupa. E fantasiar pelo resto do dia a sua companhia, para então ao final do dia, me deleitar com um beijo com sabor saudade e alívio. Ou, das vezes em que você voltar da corrida ou do treino suado me oferecendo um beijo salgado. Um amor bem temperado. E apreciar quando meu corpo tiver apetite de você e lhe consumir entre provocações dando-lhe lambidas na virilha e linguando suas dobras; mordiscas no lóbulo, lábios, pernas e bumbum; e sentir o sabor e o cheiro do seu membro, ao lhe sugar e me embeber do seu líquido, ou quando o mesmo se escorrer misturando-se à textura da minha pele e à minha essência, após um dia longo de serviço.

“Será que amor não começa quando nojo, higiene ou qualquer outra dessas palavrinhas, desculpe, você vai rir, qualquer uma dessas palavrinhas burguesas e cristãs não tiver mais nenhum sentido? Se tudo isso, se tocar no outro, se não só tolerar e aceitar a merda do outro, mas não dar importância a ela ou até gostar, porque de repente você até pode gostar, sem que isso seja necessariamente uma perversão, se tudo isso for o que chamam de amor. Amor no sentido de intimidade, de conhecimento muito, muito fundo. Da pobreza e também da nobreza do corpo do outro. Do teu próprio corpo que é igual, talvez tragicamente igual. O amor só acontece quando uma pessoa aceita que também é bicho.” Os sobreviventes de Caio F. Abreu
Texto inspirado: O prazer nos cheiros do outro


17 comentários:

  1. Uma delícia famigerada Barbie, senti aqueles arrepios descendo pelo corpo, deixando um tremor e uma vontade absurda de deitar-me em concha com aquela minha pessoa, ah, que quero, eu quero.

    Um beijo.

    Charlie.

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  2. Várias vezes já me peguei imaginando cenas parecidas... Na imaginação parece assim tudo tão bonitinho e tão bom! Espero um dia pode comprovar se é ou não, rs.

    Sempre fico bastante impressionada com tuas descrições, Babi! São tão reais e escrita de uma forma que não se torna vulgar. Que atrevida, você! Eu jamais teria coragem.

    Fiquei 'espantada' também com o quote ao final. É poraí mesmo, as palavrinhas 'burguesas e cristãs' perdem a importância e, de repente, você até gosta das coisas para as quais torcia o nariz. Confirmando a tese de que tudo é relativo =P

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  3. Aí você pára para respirar antes de comentar. Que texto intenso e cheio de gostos e aromas foi esse. Li ao som da música e me senti tragado para uma cena de puro amor.

    Parabéns.
    Beijos.

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  4. Acho que é bem isso... Quando a gente passa a desejar todos os cheiros e líquidos expelidos pelo corpo do outro deve ser amor... Ou um tesão filho da puta. rs

    BeijoZzz

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  5. olá! gostei do texto e da imagem.
    O nosso corpo é uma benção. É UM MEIO QUE NOS LEVA AOS FINS DOS PRAZERES E DAS MAIS SUBLIMES EMOÇÕES!

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  6. Que intenso.... Nunca tinha lido um texto assim, intenso, verdadeiro e instigante, mexe com a gente sabe?! E que calor é esse que apareceu de repente aqui agora?! rs'

    Valeu pelo comentário lá no blog, fico feliz que tenha se identificado com algumas coisas lá, e descobri que além de mim, existem várias pessoas mesmo que já ouviram e gostavam de Bro'z *-* haha'

    Beijos

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  7. Adorei esse texto justamente por ele retratar detalhes que as pessoas tentam renegar por causa de um puritanismo ridículo. Para mim, os detalhes do corpo são os mais bonitos.

    E quanto ao trecho do Caio, adoro demais.♥

    Beijo!

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  8. Oi Babi!
    Adorei o texto, realmente o amor só acontece quando nos abstraímos desse preconceito e frescurinhas. O seu texto ficou incrível, mas será que existe um casal assim? Sei lá, meus relacionamentos não inspiram muito isso não, quer dizer, essa ansiedade toda, porque o fim das frescuras já chegou.
    Quanto ao seu coment no blog, O Jogo do Anjo foi o livro do Zafón que menos me agradou, tem pouco assunto, pouca trama e (tirando algumas partes) é meio chato, mesmo. Ele não chega aos pés de Marina nem A Sombra do Vento. :)

    Beijos.

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  9. concordo, meu corpo é mesmo uma bendição...

    abraço, nega.

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  10. Você não tem vergonha não, menina?
    Ainda bem.

    "Um amor bem temperado", que seja sempre assim.

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  11. Sambou na cara da sociedade, Barbie! O que seria da blogosfera sem gente como você que se atreve lindamente a escrever textos que envolvem o leitor de um jeito mágico! Já tô sentindo um calor, que que isso, gente? hahahaha Amei!

    Beijos!

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  12. Cada vez que venho aqui, é um deleite.
    Sempre digo; - amo a maneira que você escrevre, o modo como descreve as cenas, desenhando cada movimento nos nossos olhos é muito mais do que envolvente ou artístico. Você tem um dom Babi e eu agradeço por poder desfrutar de tudo isso.

    Muito bem escrito e sincero, amo essas suas facilidades de expor verdades que muitos, muitos omitem.

    "Há quem maldiga sobre nosso corpo, mas lhe digo, seu corpo é uma bendição"

    Fico com o teu começo que faz todo o teu texto possuir uma grandeza linda.


    Beijos e obrigada pelo prazer da leitura.

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  13. EITA DONA BABI!! Essa musiquinha aí até me animou, viu? Com esse textinho caliente e essa foto provocante.. EEEEEEEEITA que eu não posso cobiçar o homem da próxima, menina!!! SOS
    hahahaha

    Muito bom o texto. Visualizei cada cena, cada beijo, cada toque.

    Um beijo, mulher.

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  14. Eeee já dá pra virar livro hein, Babi?? Sério, muuito bem escrito. E já te falei que não curto muito esse gênero né? Não curtia, rs. Vc escreve com uma delicadeza... que coisas que poderiam soar grosseiras (já li alguns textos tão feios...), soarem bonitas e sutis, sem destoar do resto do texto. Gostei viu (:

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  15. O que vc diz tem rumo Bár. Acho que o amor começa assim, no aceitar as coisas que vem do outro e não enxergar uma coisas ruim, mas como própria de nos mesmos. Ou mais ou menos isso. Eu gostei do seu post! O Bom deles e que são tão cheios de detalhes que enquanto vamos lendo imaginamos passo a passo cada cena!!!! Adorooooo!!!! bjooooooooo

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  16. Babi, adorei a autenticidade de suas palavras e opiniao...bom vir aqui e ler teus textos! bjs

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