O rubor enfeitava o céu, enquanto a noite aproximava-se e no ponto alto da escuridão alaranjava-se. Annie acompanhava da janela do quarto a mudança do céu, a falsa negritude e a temperatura do fim do outono. O rosto apático, as bochechas sobressalientes avermelhavam-se e os lábios quase roxeados de frio pareciam lhe transformar numa boneca que ganhava vida ao anoitecer. Mas ninguém suspeitava quando ela debruçava-se ao batente que seus devaneios eram cheios de porquês e seu coração, coitado, era acusado de insensato, frio e desesperançado.
Os momentos haviam se acumulado desde que aquele sentimento partira e a sensação de vazio instalara no peito. A introversão parecia contagiar os demais e, sorrateiramente, afastava aqueles poucos que ainda lhe eram próximos. Ah, se eles soubessem que aqueles olhos que antes carregavam a sapiência e a curiosidade da juventude somente choravam ao encarar o além e o céu... Ela só precisava de um abraço acalentador, de uma palavra de conforto e um sorriso sincero, para desanuviar os pensamentos e voltar a acreditar em si e nada vida.
Os sonhos silenciaram-se. E naquele inverno, em virtude do cansaço e da busca por respostas, a fim de cessar o seu sofrimento, apenas esperou que o frio se acercasse para amuar-se na cama, debaixo dos lençóis, sobre lágrimas lamuriosas a espera da primavera. E haverá um dia, desses muitos tíbios, que ela não poderá fugir, porque a dor se dissipará da alma e o corpo, enfim, se encontrará isento de lesões. As arranhaduras e cicatrizes tornarão parte de si e ela sorrirá timidamente por estar forte.
Ela se lembrará das preces feitas em tom baixo e agradecerá por existir vida em seus dias, mesmo com toda a sofreguidão e a solidão. Se as perdas dão a impressão de não possuir e não ser nada, não quer dizer que elas são verdadeiras, tendo em mente que a realidade pode ser reinventada a cada novo olhar. Toma Annie, um pouquinho de inspiração para viver!
Precisava atualizar, sério. Necessidade louca... E usei bem a 3ª p. para falar o que venho sentindo. Obrigada a Jana por divulgar lá no blog dela meu job. Divulga também, gente? Estou muito preguiçosa para blogar e comentar nos demais blogs, mas vou tentar voltar a ativa. Título inspirado na música do Capital Inicial - A menina que não tem nada. Foto
Beijo pra quem é de beijo!
A questão da paixão é algo que me intriga. Se apaixonar não existe porque, nem como, onde, nem quando. Apaixonar-se eh viver a vida em sua plenitude. E mesmo com todo o medo de errar. Medo de perder. Agimos como se não houvesse amanha. A loucura eh a base da paixão. E um romance sem paixão, é uma existencia. Apenas existencia.
ResponderExcluirEntregar-se de corpo e alma a uma vida a dois. Nem as desiluções e as noites de frio, paga o beijo roubado e o abraço apertado, que nunca sairão da memoria.
Por isso viva. Hoje.
Volto quando eu achar jeito pra dizer qualquer coisa sobre tudo que me fez por dentro.
ResponderExcluirBeijos
Amei o que escreveu
ResponderExcluirCada detalhe bem pensando
Ate mesmo a imagem tem tudo a ver com o texto
Ate parece q ela foi tirada para esse proposito
Beijos
você e seus detalhes... que fazem toda a diferença!
ResponderExcluirArrasou, Bá! Toda a alegoria que você montou pra dizer o que tá sentindo foi ótima, intensidade ímpar! Maravilhoso, mesmo!
ResponderExcluirUm beijo :*
Tenho a impressão que texto em 3° pessoa perde um pouco a intensidade. Mas vc mandou bem, sabe bem o que esta fazendo, porque faz por gostar.
ResponderExcluirDemorou mas apareceu toda inspirada.
Adoro tuas descrições, Babi. São muito ricas em detalhes, tudo muito bem pensado. ^-^
ResponderExcluirNada como o tempo, né, Babi? Como você bem ilustrou, sentimentos 'inacabados', os machucados, podem levar várias estações para sarar, pra gente esquecer. Ás vezes nem esquece (acho que é impossível), mas se lembra cada vez menos a cada dia. Até o dia que você vai pensar que nunca mais pensou naquela pessoa, naqueles momentos, em como foi ruim (ou não).
Enfim, dói... Mas um dia, fica 'dormente'. :)
Ew, fui citada! ashuahs Ná, que é isso. Espero que esteja ajudando, pelo menos! Beijos ;*