Eu nunca usei tamanho 38 (parte II)

Um dos meus últimos posts de 2012 foi a respeito da minha insatisfação sobre o meu peso e como lido com isso desde a minha infância. Não, não é só mimimi (ou talvez seja), mas eu insisto em falar sobre o assunto porque há algum tempo tenho refletido demais sobre os rótulos que a sociedade nos colocam e nós mesmos passamos a nos cobrar sobre isso.
 
As pessoas continuam a me dizer "nossa, Bárbara, mas você não é gorda, você é gostosa" - obrigada pela parte que me toca, sim me sinto, às vezes-só-às vezes, gostosa. Mas é muito difícil adequar o que se vende nas lojas ao meu corpo. O fim da picada foi no ano novo quando eu não muito animada a procurar roupa para sair, me deparei com pouquíssimas opções que coubessem no meu padrão corporal. Eu já havia esclarecido comigo mesma que fugiria do tradicional branco e mesmo assim foi deprimente minha caça. Há muito custo encontrei duas peças que satisfizessem meu gosto e daí comecei a pensar: "e quem não encontra? Que se vire e tente entrar numa dessas numerações menores, vista um pano de pano qualquer ou sai de mãos abanando?". Isso sem pensar muito afundo, como classe social, que é um agravante.
 
Aí então para engrossar o assunto, durante essa semana por mais uma vez tive o desprazer de acompanhar um polêmico post do colunista do blog/site Chic, da Glória Kalil através do desabafo da Paula Bastos do Grandes Mulheres. Leiam um pouquinho e descobrirão que lá ele diz:
"O inverso _o bullying das gordinhas com as modelos magrelas que postamos aqui no Chic_ é infinitamente mais chulo e agressivo. A se pensar..."
WTF? Sério mesmo? Não, meu caro, você usou de um argumento baixo e irreal para se defender. E, se porventura, isso ocorre acredito que não chega nem a escala 1 de bullying que as/os gordas/os sofrem. São comentários sem fundamento, ácidos, preconceituosos e desrespeitosos como esses que me fazem questionar: por que as pessoas sentem prazer em ofender? Te faz sentir melhor ou superior que o outro? Porque se o for, bom... Sinto lhe informar, mas você não é; aliás, está longe de o ser ainda mais julgando os outros pelo que elas são fisicamente.

Voltando ao assunto moda-para-gordinhas, também acompanhei o post da Thálassa Coutinho do Botica Urbana ano passado quando a hashtag #46nãoentra subiu nos trending topics, após a declaração da empresária Alice Ferraz, idealizadora do grupo de blogs F Hits, deu ao site da Istoé Dinheiro, quando falava de seu investimento na venda dos ‘looks do dia’, o F Hits Shops.

"Ela funciona da seguinte forma: para acessá-la, a consumidora deve preencher um cadastro com informações sobre seu manequim. Se usar roupas menores que o tamanho 46, a candidata tem chances de ser aceita."
Frisem a frase final... Dá vergonha e repúdio de gente com pensamento assim.
 
Concordo quando a Thálassa fala em seu texto que as grifes devem sim se adequar e investirem nesse mercado que é tão crescente, porque afinal quem é gordinha quer sim se vestir bem e as mesmas têm começado a se aceitar, assumir como são. Assim como as grandes lojas de departamento devem suprir essa necessidade das camadas mais baixas, pois também irão lucrar com essa demanda.
 
Embalada no tema, pesquisei um pouco mais e achei no Just Lia da Lia Camargo um post com 15 blogueiras "plus size" estilosas. E a partir de hoje vou me inspirar em duas que amei, porque querendo ou não sempre há meios de amenizar certos "problemas" e essa será a minha forma.

 

10 comentários:

  1. Eu já cheguei a ter 'aquele' corpo sabe? Mas na altura eu não tinha auto-estima ou melhor: não gostava de mim ( sabe-se lá porque). Eu olhava-me no espelho e via-me gorda, quando eu pensava entre os 50 e 55kg. :/ Ai depois aconteceu uma tragedia na minha família, e junto a baixa-estima, veio a depressão. Foi quando me desleixei por completo e engordei muito (quase 75 kg que tive). Fui a uma nutricionista que em vez de me ensinar a comer - que era o que queria - dedicou-se a cortar em tudo e mais alguma (e mesmo tendo dito que tenho anemia, ainda assim ela não qui saber). A 'dieta' dela foi eficaz; perdi peso. Mas se não fosse pela mãe eu tinha me tornado mais uma anorética (veja: a minha mãe pesa 46kg - e por ser pequena esse peso fica-lhe bem - e o facto de eu chegar a vestir umas calças que nunca me caberia so mostra o QUAO magra estava!). Fiz uma diata 'à mae', peso 65 kg (tenho aquela barriga e os peneus) e nunca gostei tanto de mim como agora!

    Bom, eu quando vou comprar roupa procurar comprar roupa que me faça sentir bem - não importa se me fica bem ou não - que me de segurança e me faça sentir feminina. porque é isso o que importa ao final não? estarmos bem conosco mesmo.

    Desculpa se me excedi no comentário ._.

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  2. Ai, Bárbara, há tanta gente babaca nesse mundo, tanta gente besta nessa sociedade, que dita regras ridículas.
    Acho tão massa quem se aceita do jeitinho que é, que não pira por causa das convenções, das regras sociais, que leva a vida da maneira que lhe agrada. Eu não sou magra, sou gordinha, sou "cheinha". Há quem diga "Ai, como você tá gorda. Faz um regime, menina!", como se eu vivesse pra comer, o que não é verdade. Ser gorda não significa comer loucamente ou viver comendo. Não, nada disso. Há pessoas que têm uma tendência a engordar, não importa o que façam. Eu acho que tenho essa tendência (ou adquiri, depois de tomar muitos biotônicos... hahahaha tipo, eu era magrinha demais quando criança, então minha me deu vários estimulantes de apetite e agora sou gordinha). Não me sinto feia por ser gorda. Beleza não tem nada a ver com o peso do corpo.
    Concordo plenamente que deveriam existir muitas opções nas lojas de departamento para as mais encorpadas, assim como nós. Olha, quando vou a lojas, geralmente vejo uma e outra seção do gênero. Porém, creio que poderia ser bem mais expandida, ter muitas outras opções de vestuário.
    Um dia isso muda, né?
    Ah, e concordo contigo: o bullying que as gordinhas sofrem é infinitamente maior do que o que as magras sofrem. Porque ser magro é "o correto", já dizia a genial sociedade. ¬¬

    Ótimo post! ;)

    Sacudindo Palavras

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  3. Babs sou mais uma dessas que vai dizer que vc não é goooordaaa, é gosstooossaaa! HAHAHA
    Sei qual a sensação de se sentir "out", de ir nas lojas mais "moderninhas" e não se sentir bem pois a modelagem não se encaixa em você..
    E outra polêmica que quero levantar é sobre a tal moda para gordinhas, pois quando vou procurar coisas do tipo só encontro roupa de velha. E essas roupas moderninhas das meninas acima, ou só encontram em lojas internacionais ou os preços são o dobro do mesmo modelo para as magras. Vide lojas de departamento, dá até pra encontrar mas custa bem mais caro.

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  4. Parabéns pelo post. Lindíssimo. Sabia que a revista Vogue concordou desde o ano passado em somente colocar em suas páginas meninas maiores de 18 anos e com aparência saudável? Em todas as edições, do mundo todo. Isso parece que não faz muita diferença, mas faz. A leitora agora não encontra nas páginas apenas ideais de beleza, mas belezas como a sua própria.
    Fiquei triste por não estar no hall da fama das blogueiras plus size... kkkk Não sei se me encaixo nesse grupo, mas com certeza não estou no grupo das que vestem 38... Bjux!

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  5. Concordo com suas colocações. Por mais que eu me esforce para aceitar minha condição, não é fácil e a sociedade não ajuda nem um pouco. Eu nasci com uma deficiência que dificulta o uso da insulina no meu corpo (não é diabetes, produzo insulina normalmente, meu corpo só nao usa direito). O resultado disso? Engordo mais do que eu deveria. Mesmo que eu consuma, por exemplo, metade da gordura que eu deveria por dia, ainda assim engordarei. É algo que terei pelo resto da minha vida e raríssimas pessoas na minha condição são magras (pelo menos, o que a sociedade considera sendo magra). É bem difícil e poucos são os que entendem. Existe um preconceito horrível e várias pessoas já relacionam o excesso de peso com comer demais quando em muitos casos a situação nao é essa.
    Admiro que você tenha escrito sobre um assunto tão polêmico e complicado, é algo que podemos considerar como tocar na ferida, literalmente. Mas sabe de uma coisa? Pessoas como você, que entendem a situação e não querem se submeter a ela, fazem com que eu me sinta melhor e por isso só tenho a agradecer.
    Obrigada pelo texto, Babi!

    Beijinhos :*

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  6. Eu acho isso uó do borogodó. Essa rede 'F*hits' é ridícula, uma verdadeira lavagem cerebral nas meninas. Colocam blogueiras lindas e podres de rica pra falar sobre a nova coleção da Chanel! WHAT?? Quem no mundo real é linda, podre de rica e compra Chanel a cada coleção? Me poupe. Quanto ao tema das gordinhas, eu também acho que as lojas devem se adequar ao padrão típico do lugar em que está vendendo a roupa. Nos empurram um padrão midiático ridículo, como se só tivéssemos valor se coubéssemos num jeans 36. Poxa, no Brasil? Mulher que veste 36 no Brasil é um caso a parte. Eu sou o contrário de você, nunca usei 38 porque sou muito magra e, apesar de todo mundo dizer que eu tenho sorte, não vejo a mínima graça comprar roupa na seção infantil.

    Gostei muito do post!
    =)

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  7. Eu uso calças do tam 38 ao 46. Depende muuito da loja, da marca, do tipo.

    E é triste nao encontrar muita coisa do seu tamanho, minha amiga usa 36 e ela sofre para achar calças! Mas quem tá no numero acima do 46 sofre do mesmo problema.

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  8. E eu querendo uns 5kg a mais (:
    ôh vida hein??k
    E olha só: seja feliz com o corpo que tem, pois a pessoa ao seu lado,o homem,verá que é segura.

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  9. O problema é o seguinte: Seja magra, gordinha, alta ou baixa... Sempre vai ter alguém para apontar, zombar ou magoar, sabe? O importante é a pessoa não ligar para essas coisas. E de maneira alguma querer perder peso para fazer parte desse padrão chato de beleza!

    Concordo com a Erica: "Beleza não tem nada a ver com o peso do corpo".

    Texto bacana!
    Beijos, Babi!

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  10. Discriminações de todos os tipos. É isso o que a gente tem visto na sociedade desde sempre e cada vez mais, me parece que isso aumenta.

    E digo sempre pra mim mesma; - Não caia nessa, se satisfaça consigo e o resto mande a merda!

    Nem sempre dá certo, nem sempre eu consigo, mas é assim que tento me manter em tudo, porque seja quem você for à sociedade sempre vai dar um jeito de achar uma brecha pra te oprimir. Não ceda Moça!

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