Não houve felizes para sempre para Branca de Neve e seu Príncipe Encantado.
Após uma semana de lua de mel cheia de amor e dedicação, o casal retornou ao castelo e deparou-se com novos obstáculos. Estariam agora convivendo juntos e suas diferenças evidenciadas perante um ao outro.
Não demorou muito para Branca de Neve perceber que seu Príncipe era um machista mau caráter e que, em tempos remotos, sua Madrasta Má não chegava a ser tão má como ele, a qual lhe ordenava fazer sua comida, deixar o castelo impecável e manter sempre suas roupas bem passadas.
Pensara que já havia trabalhado o bastante para os sete anões e que fora boa demais para com eles. Mas não imaginava que para todo aquele castelo, ela é quem deveria cuidar de tudo.
Estava prestes a ter um colapso nervoso quando em algumas semanas passou a ter enjoos e sentir tonturas. Por muitas vezes, chorara calada, sofrendo por ter sido enganada pelos narradores. O Príncipe por frações de segundos até sentia dó da pobre mulher, e vendo que a situação era séria chamou o médico da pequena cidade; o diagnóstico foi certeiro, Branca de Neve estava doente e foi lhe passando todas as restrições:
- Sr. Encantado não deixe sua mulher pegar no pesado. Ela deve repousar e tomar alguns remédios por uma semana, se ela não melhorar, voltarei!
Como o médico havia falado, Príncipe não teve outra opção. Se não ela a fazer as tarefas domésticas, quem poderia fazer?! “Não, não... Isso não pode acontecer, meu amorzinho, você tem que melhorar imediatamente” - dizia sentindo remorsos só de imaginar-se tendo que fazer tudo o que Branca de Neve fazia para ele.
“E minhas roupas, quem irá lavar passar e guardá-las?” retrucava enquanto andava de um lado para o outro dentro do quarto. Nem sequer percebendo o quanto Branca de Neve estava feliz por toda aquela situação.
Naquele mesmo dia o Príncipe teve que preparar uma sopa para Branca de Neve, que lhe ajudava a distância, entre falas pausadas e cansadas, fingimento puro. Porém, aos trancos e barrancos, o Príncipe fez a sopa que até ficou boazinha se não fosse... O excesso de sal e água teria ficado ótima.
No dia seguinte, outra luta. Acordar cedo para preparar o café da manhã, limpar todos os cômodos do castelo, fazer o almoço, lavar a louça, regar o jardim e lavar o quintal, levar a correspondência para o correio, pagar as contas no Banco Realeza*... Fazendo todas as atividades que ele ordenava a sua esposa.
Ao final do dia, não se agüentava em pé. Suas mãos doíam, seus pés estavam inchados, sentia que em suas costas algum caminhão havia passado por cima.
- Você faz tudo isso, mesmo? , indagou o Príncipe a Branca de Neve que estava deitada assistindo televisão calmamente com seu suco geladinho, cujo ele quem preparou.- Faço, o que?, fazendo-se de tola.
- Ah... Você sabe... Cuidar das coisas de casa.
- Ah... Aham. Faço, sim! Por quê?, disse ela, com um olho na televisão e outro no marido que parecia um mal trapinho jogado na cama.
- Me sinto, uh-ó! Não sei como você agüenta...
- E quem disse que eu agüento?!
O Príncipe a encarou espantado. Aquilo era uma afronta e ele nem havia percebido.
- Você realmente está doente?
- Você realmente está doente?
- Se eu não estiver o que eu ganho com isso?! Er... Nada não é verdade?! Você só pensa em si mesmo, seu egoísta, filhinho-de-papai-de-merda!
- Mas... , tentava falar sem êxito.
- Eu estou bem, consegue ver?, berrava sem pudores para o marido ver e gargalhava como sua Madrasta Má.
Príncipe estava desesperado, não entendia o porquê de todo aquele vexame que estava sendo submetido.
- Deveria ficar aqui... Deitadinha, durante uma semana. Mas não me agüento. Foi hilário te ver limpando cada cantinho, fazendo tudo o que você me obrigar a fazer.
Ele se retirou do quarto e deixou Branca de Neve falando sozinha. Estava com sua dignidade no chão. Sendo pisoteada pela mulher que dizia amar. Parou para refletir e viu que fazia mal em tratar a sua esposa daquele jeito. Era egoísta, sim. E teria que mudar se não quisesse passar por aquilo novamente.
Pois o casamento só seria construído sob bases sólidas quando ambos cedessem e cumprissem seus deveres como marido e mulher, tanto em casa como na sociedade.
Por essa e outras superaram juntos, não sendo felizes para sempre, mas, sim, tentando construir uma família feliz com seus erros e acertos.
Participando pela 1ª vez do Blorkutando - 45ª Semana.
[UPDATE - 02/08] P.S: Fiquei em 1° Lugar!
Adorei seu blog, vi na comu do blorkutando e agora virei seguidora já, parabéns!
ResponderExcluirBeijos
nooooossa, eu adorei esse texto *------* eu já tinha escrito algo parecido, mas não cheguei a terminar: mas voltando ao seu blog, é MAAAAARA demaaais, PARABENS :D
ResponderExcluirParticipando pela 1ª vez também? Somos duas.
ResponderExcluirAdorei esse texto, ficou bem legal. E adorei seu blog também! Já tô te seguindo.
Beijos
Ola!
ResponderExcluirParabéns linda!
O texto esta mesmo maravilhoso!!!!
Participe mais vezes, ganhar nos da um prazer imenso, mas o melhor de tudo é o prazer em escrever e ser lida pelas pessoas.
bjssssss
:O
ResponderExcluirTirando a parte, que se eles moravam em um castelo, deveriam ter mordomos, cozinheiras, domesticas.. etc e tal. Ignorando essa lógica. Seu texto está um choque de realidade incrível. adorei! O machismo é terrível, e até hoje, se alastra no mundo. Mas isso seria extinto se as futuras mãe resolvesse educar seus filhos a ajudarem e auxiliarem no serviço domestico também, sem falar na conscientização que os tempos são outros e que quando seu filhinho sai da barra da saia dela e resolver entrar num relacionamento conjugal.. deixar claro na mente dele que..ambos devem contribuir e ajudar para que a relação seja verdadeiramente construtura e saudável, sem sobrecarga para ninguém. Pena que em muitos casos essa é uma realidade distante. Mas é a vida, o que não podemos é nos acomodar e permitir isso em nossas vidas. Que uma melhor sorte aconteça em nossas escolhas.
XD Bjs!