Por muito tempo acreditei que seria sua. Sim, assim: sua!, com direito à toda possessividade de tal pronome e muitos pontos de exclamação em seguida, porque aquele meu jeito arteiro da meninice aceitava todas as regras do seu jogo. Você se armava todo e eu me atirava às suas brincadeiras, mas sabia que em nenhum ensejo você não me objetivava, que no fundo o joguete só estava preparado na minha cabeça. E assim foi.
Eu cria que aquilo fazia parte do amor, moço. Às vezes, gato-e-rato, tapete-e-sapato entre os nossos muitos planos arquitetados, sabe? Você nutria meu querer com todas aquelas palavras bonitas e apaixonadas que dizia e eu achava tudo tão movedor de montanhas. Eram palavras, eu sei, mas as frases doces e sinceras vindas da sua boca me levavam ao estado de descontente à euforia. E, sim, era tudo o que eu queria... Porém, hoje, só consigo pensar "ah, a jovialidade do amor nos dá mesmo toda essa alegria".
No início, as pessoas me aconselhavam "você precisa acreditar no amor" e eu, boba, acreditava. E logo depois me advertiam "mas não crie tantas expectativas" e eu, paspalha, não sabia mais o que eu mesma queria. Aquelas frases de amor, de autoajuda, ou seja lá o que fosse me impulsionavam a ser forte e com você do meu lado, talvez, tivéssemos sorte. É, eu cria... Cria de confiar e de criar todos os nossos sonhos mais ternos num lugar onde sempre pudesse vê-los, revê-los e reinventá-los.
Porém nem tudo é como queremos. E não foi.
Aos poucos o cansaço do dia a dia me tomava e lá estava eu conhecendo os desprazeres da rotina sobre nosso amor, e eu não sabia como lidar. Você ensaiava um "nós poderíamos" e eu me desvencilhava com um "você pode, eu não quero", quando não era o contrário. Ah, as diferenças... Elas sempre estiveram conosco e foi no derradeiro momento tedioso que a contradição se fez presente, instaurando desordem no nosso sentimento.
Moço, eu juro de pés-bem-juntinhos que eu lutei por nós dois. Que toda vez que seus olhos castanhos ameaçavam transbordar, eu me rendia. Fui eu quem me desarmei pra acreditar no amor. "Foi tudo tão bonito, tão intenso, tão maravilhoso cada segundo...", mas não era mais. E doeu em mim a sua dor quando, enfim, você transbordou. Não diga que eu não te amei, nem almeje que eu tente te esquecer. Abri mão muitas vezes de desejos meus pra te ver sorrir. Sempre foi meu o seu contentamento e, hoje, sei que posso ter sido sua maior infelicidade.
Desculpa que tudo tenha terminado assim, mas, agora, eu sou só minha. Um dia, você vai entender que te salvei de mim.
Sobre a infelicidade alheia. Tenho muitos comentários a responder e logo responderei todos carinhosamente da #EliteBlogueira que apareceram por aqui.
Fiquei com medo. Medo de que isso seja realidade e de que o amor seja mesmo tão efêmero como parece ser em alguns momentos... odeio essa ideia.
ResponderExcluirOdeio a sensação de que tudo pode ser "em vão" e acabar um dia. Mas isso é a vida, certo?
Beijo, Babi! ♥
que bonito!
ResponderExcluir(tanto o blog quanto o texto - adorei!)
O amor nos causa sensações distintas! Cabe a nós, nos entregarmos e acreditar ou não criar expectativas e viver de "se".
ResponderExcluirXarááá, primeira vez aqui, hoje resolvi visitar alguns blogs da Elite! Adorei o seu cantinho lindo!
Babi, você arrasa na escrita. Fico impressionada com sua lindeza. E esse texto? Acho que senti o que ele quis passar, porque a demanda dos sentimentos foi grande, mas deu pra sentir. O chato é saber que tudo começa tão belo e pode ter o pior final possível, isso me dá medo, isso me deixa com dor de cabeça. :/
ResponderExcluirAbraços, Arih
Muito bom o texto... me senti um pouco o moço e a moça também... e acho encantador esta coisa que o amor tem de ser efêmero... e melhor ainda o final, aprender que temos de ser nossos. Parabéns.
ResponderExcluiressas diferenças...
ResponderExcluirmas acho que sem elas seria pior.
: )
beijo, Babi.
(você tá escrevendo bem demais!)
"Moço, eu juro de pés-bem-juntinhos que eu lutei por nós dois. Que toda vez que seus olhos castanhos ameaçavam transbordar, eu me rendia"
ResponderExcluirSuave, doce, intenso e além de bonito, esse fiozinho de tristeza parece arranhar a nossa alma. Como sempre Babi, muito bem escrito, lindamente escrito e você dificilmente não me toca quando leio seus dedos.
Beijo Grande!