A Noiva

Chovia naquela tarde atípica do mês de outubro, quando entrei na livraria mais próxima para esconder-me da tempestade e avistei uma moça que arrastava seu vestido branco longo do outro lado da avenida. Supus de imediato que poderia ser uma noiva desolada, pois não se via pessoas vislumbradas com a chuva a ponto de sair assim.

Um rapaz tocou meu braço fazendo desligar-me de meus devaneios, e quando tornei a olhar pela janela a procura da moça, ela não estava mais lá, e um cachorro a alguns metros de onde ela estava anteriormente latia incansavelmente para o nada. Estranhei e senti calafrios. Os burburinhos dentro da livraria aumentavam, os vidros embaçavam e fiquei mais atônita.Levantei-me e aproximei-me da janela a fim de buscá-la. Para minha surpresa a vi novamente e o cachorro silenciou-se ao ser acariciado e em seguida, partiu calmamente para longe.

Ela virou-se para a avenida e encontrou meus olhos a vigiando, pensei em disfarçar, mas não tive tempo, seus olhos me fitavam e podia observar melhor sua feição tranqüila e um breve sorriso brotar em sua face. Se não fosse por seus passos vagarosos e largos atravessando a avenida sem olhar para os lados, enquanto os carros passavam a toda velocidade mesmo com a pista molhada, teria me tranqüilizado. De imediato, puxei o braço de um senhor ao meu lado e falei alto “Olhe, olhe... Aquela moça será atropelada se ninguém a tirar de lá.” Ele ficou perdido e me olhou de canto de olho, afirmando: “Moça, não há ninguém na avenida, creio que precisa sentar-se.” Lutei contra sua mão que iria agarrar meu braço e destinada saí da livraria para salvá-la.

Esqueci tudo o que tinha num canto qualquer lá dentro e gritei já na rua banhando debaixo da chuva: “Moça, saia daí! Não faça isso! Não tire sua vida!” Ela não voltou a me encarar e os carros ziguezagueavam pela pista sem mudar seu trajeto. Então, olhei para os lados e atravessei uma faixa, duas... E na terceira, ela havia sumido novamente e quando me girei para procurá-la, um carro desviou-se de mim, patinou pela pista e a alguns centímetros da calçada, a atingiu.
Fiquei atordoada ao saber que quem dirigia o carro era uma noiva, a mesma noiva que me enfeitiçara e me levara até lá.

*Estava com saudades de escrever alguma historinha boba para esquecer do estresse do dia-a-dia. Espero que gostem. (;

5 comentários:

  1. Ficou ótimo...Você expressou todos os minimos detalhes....

    è b om escrevermos algo que vá além da realidade,pois a realidade muitas vezes nos parece sempre faltar algo...

    É um ótimo escape para minimizar o estresse!

    bjs
    ^.^

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  2. Uiiiiii! Deu um pouquinho de medo, confesso.
    Mas ficou muito boa, menina!
    Arrasou, gostei bastante.
    Beeijo. ♥

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  3. Nossa, ficou muito bom! Deu um pouquinho de medo mesmo... *-*
    Beijos.

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  4. Legal! Faz lembrar aqueles filmes de suspense. Noivas fantasmas me fazem medo, confesso. Mas, gostei da histórinha! ^^

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  5. muito boa a história, rsrs, meio suspense, bacana, rs
    bons dias

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